12h07
só há salvação na criação.
desenhos quadrados ao final da tarde.
- Daniel Richter: Dandies & Peasants – The Undergang Armchair podcast – 2015
- Leda Catunda, Paulo Miyada, Ilê Sartuzi – Debates da Arte Contemporânea
12h07
só há salvação na criação.
desenhos quadrados ao final da tarde.
06h28
acordei cedo, saído de um sonho onde ia assistir um filme no cinema porém precisei sair várias vezes para ir ao banheiro. acordei com uma vontade danada de fazer xixi. no sonho, amizades de outras épocas estavam na platéia. foi bom a sensação de cinema e reencontros.
admirei as pinturas e lí o livro do paulo monteiro, o interior da distância (2015, cobogó). penso sobre o fazer artístico, a complexidade do simples. o que é a obra.
itsairu huni kuin nos repetiu uma frase de seu pai: o que é dificíl é fácil, o que é fácil é difícil.
choveu a noite inteira e continua agora pela manhã. já está claro.
21h31
22h10
é com tristeza que olho para o celular e vejo que fiquei 3h15 com ele ligado. justo hoje que comecei o dia sem ele e até cheguei a desligá-lo por algumas horas. foi um dia atípico pois tive que fazer algumas ligações demoradas (principalmente para a operadora de celular), mas mesmo assim… três horas são preciosas.
inspirado pelo curso 24/7 da luisa duarte, nos próximos dias eu farei um simples experimento: desligar o celular. algo tão simples, mas tão impensável — ao menos na minha realidade. não desejo mudar outras pessoas, apenas meus próprios hábitos. vou dormir que amanhã tem um trabalho fotográfico.
22h52
mesmo com sono, escrevei.
sinto que ainda não usei todo o tempo possível para o trabalho: me peguei algumas vezes divagando no celular. já diminuí bem o tempo que sinto como disperdiçado, mas ainda não está bom.
fiz alguns experimentos com o poema “Mãos Dadas”. é curioso como sinto dificuldade em soltar a mão e encontrar um caminho para desenhar a escrita. o tempo todo fico pensando: simplifique, simplefique!
fiz alguns desenhos de dois novos vasinhos e pratiquei alguns figurativos enquanto escutava conversas de tal r e luc tuymans. de professores, estou bem. agora o que preciso é prática.
chegou o primeiro livro da ana prata e fiquei chocado com os quadros mais antigos dela. figuração muito interessante, dá pra ver que são baseados em fotografias — bem diferentes dos trabalhos dos últimos anos, que estou um pouquinho mais familiarizado. consigo admirar os antigos, ainda mais sabendo que foram o caminho para fazê-la chegar aonde está. pintura é tão bom, dá para navegar e apreciar todas as variações e possibilidades.
para fechar a noite, assisti a primeira aula do curso como descolonizar o mundo 24/7, da luisa duarte. reflexões para os nossos tempos, um misto de bom e choque, vontades e repulsas. entusiasmo e cansaço. vida atual.
ela e alyne costa são duas grandes referências para refletir sobre os tempos atuais. recomendo suas ideias.
começou a chover agora pouco junto com um vento forte. o som está sinfonia para o sono.
09h25 tentarei fazer algo novo. estou escrevendo offline e em algum momento quando conectar, esses novos textos irão para o blog.
hoje fiz um experimento com tinta a óleo. não estou acostumado com toda a nova dinâmica que a tinta traz — preparações, mediums e papéis para limpeza — mas consigo perceber as boas possibilidades da tinta em relação a textura e mistura de cores.
é uma delícia pintar. há tanto que aprender que não há tempo a perder!
ontem foi a primeira vez que comemos peixe desde que voltamos do acre. como tudo relacionado a viagem, tinha dado uma pausa e apenas deixado reverberar naturalmente. sonhei duas vezes com a língua hãtxa kui e algumas outras que ainda estava na aldeia.
ver os dois peixes que guilherme preparava me levou diretamente aos momentos de refeições lá na aldeia, seguido de diversos outros sentimentos. gui contou que esses peixes eram anchovas — típico do mar aqui do sul. enormes, cheios de carne. pensei que noss@s amig@s de lá admirariam e se deliciariam com enorme banquete. esses dois peixões para nós quatro? uau.
contei para luiza e gui que lá no rio jordão os peixes são pequenos, do tamanho de um palmo de mão e a maioria tem bastante espinho, o que dificultava nosso aproveitamento — principalmente para nós da cidade, sem experiência para driblar as espinhas e chupar a carne do bicho.
vibrei muito e mandei meus bons pensamentos para a aldeia. aqui na cidade realmente temos muitos privilégios que acabamos nos acostumando e não dando o devido valor. agradeço a vida. o peixe. as amizades.
gostaria muito de dividir com amig@s de lá esse banquete preparado por amig@s daqui. um sonho e irei trabalhar para um dia isso acontecer.
na terça-feira cheguei final da tarde e tomei um espanto
as árvores que tanto admirei, estavam todas ao chão.
cheguei em casa e ví o canto que tanto me identifico todo ao chão.
derrubaram um pedaço de mim, para abrir um novo caminho e valorizar o terreno.
reflexo de pensamento daquele que ordenou a ação.
eu sinto muito.
apanda me ligou e logo disse: está decidido, vamos ao acre!
o que era faísca, virou fogo.
temos que nos preparar, de diversas/todas as maneiras possíveis.
this afternoon i started some experiments with acrylics. it reminded me of a book that i bought last year but didn’t give an adequate look. i bought it on a sale and didn’t thought much of the book neither the artist — unbeknown to me an incredible one: ana horta!
once again, art gives me wonders.
i started looking with attention to ana horta’s art and it gave me energy, happiness and will to go to work. i searched online for her and discovered that she passed away in a car accident being just 30 years old. that was in 1986. this got me. my high energy got mixed with a kind of melancholy and sadness. i won’t stay down, i want to celebrate an incredible artist and her art.
it will be my next read.
a curious fact was that i just had online class with fernando cocchiarale (together with anna bella geiger) and there is a small text by him in ana’s book.
received the oil paints. did some hands with colored pencils.
06h26 the world is ending… we’ll keep on going.
05h06 had an incredible cinematic dream. i’ve been up for almost an hour. bought oil paints online for the first time (joules&joules).
apanda read us
quando se vê, já estamos em um dia avançado!
28.04.2021
é lua cheia de wesak de 2021. o tempo passou e nem percebi…
27.08.04
é um belo teste que se faz
11.04.2021 06h35
aproveitar o tempo para existir. isso é sagrado.
saber aceitar: o que é e quem sou.
terminar aquilo que se começa, mesmo que pequeno.
sempre há muitas coisas acontecendo.
o que conseguimos fazer com nossas próprias faculdades?
assumir tudo o que somos, podemos e desejamos.
trabalhar com as limitações que a experiência traz.
metamorfosear.
incapacibilidades transformadas em combustível para produção.
werner herzog’s masterclass in poland (2010)
hoje decidi adicionar mestisso ao meu nome. também encontrei uma forma para pintar: a força da árvore.
escolhi um adjetivo que foi apelido de infância. engraçado pensar que desejo marcar esse novo momento com um nome antigo, mas cada vez mais simpatizo e me identifico com essa ideia. a grafia é assim mesmo, com dois s. acho mais sensual.
tenho também nome yawanawá dado pelo cacique nani: shane kene uisian, que abreviei apenas como sku. desenhista escritor do coração (pássaro) azul, mas essa é outra história…
fez uma semana que instalei internet fixa aqui em casa. há bastante tempo não tinha esse privilégio, pois nem lar tinha. no celular a conexão esteve sempre presente, mas sempre de maneira limitada, compacta. para emails e mensagens.
com a vontade de readaptação, vem os medos: como lidar com a enxurraga de informação e estímulos que a rede traz? saber tudo o tempo todo. o que está acontecendo no mundo, mesmo que apenas na superfície. notícias tristes, angustiantes. abuso da natureza, isolamento social, corrupção. o caminho do ódio que atualmente está bem popular.
um dos vícios, mesmo no celular, é ler as chamadas das notícias dos jornais paulistanos… “só para ver o que está acontecendo no país”.
nunca usei o twitter, mas o instagram me consome o tempo. apenas uma olhadinha que dura 10 minutos. vezes cinco, por dia.
como lidar com isso?
de longe, parece tão simples: apenas focar no que importa. de perto também. então por que é difícil?
silenciar, acalmar, respirar. o que me falta é meditar, o que me falta é presença.
mas eu sei onde isso encontrar…